Fiz esta HQ experimental para uma revista que precisava de colaboradores, mas ela foi rejeitada.
Ela é uma história de regressão. Escrevi inspirado num conto de Jorge Luís Borge intitulado "Uma Análise da Obra de Hebert Quain", do livro Ficções. Trata-se de uma resenha crítica fictícia da obra de um autor que nunca existiram.
Segundo Borges, quem quisesse imitar Quain deveria escrever um capítulo que mostrasse um fato, seguido de dois capítulos, que seriam a véspera do ocorrido, que por sua vez teria mais dois capítulos para cada um, que seria a antevespera do primeiro. Confuso, não? Também achei. Tive que ler o conto várias vezes, mas logo de primeira, fiquei fascinado.
Com o roteiro dessa história em mente algum tempo, resolvi adaptá-la nesse sistema binário sugerido por Borges. A primeira página (splash page) é o final da história. A segunda, com dois quadros, são dois fatos anteriores à conclusão da história. A mesma coisa acontece na página três.
Para quem não entendeu, posso explicar, mas peço que se ainda não tiver lido a HQ, volte e tente tirar suas próprias conclusões. Essa é uma história aberta, não há interpretação certa ou errada. Fica a seu critério.
A minha ideia era contar o último corre (corre: gíria utilizada por criminosos para designar um assalto) do assaltante Luquinha, que nesta noite escolhe abandonar a carreira do crime e entregar seus comparsas.